Em Boston há um percurso com uma extensão de 4 km que liga um conjunto de 16 locais e monumentos designado por percurso da liberdade, freedom trail no original. Estes locais são marcos importantes na libertação da sangria colonial, pela nação que viria a ter o nome de Estados Unidos da América. Como dizia o grande George Carlin: well, if crime fighters fight crime and fire fighters fight fire, what do freedom fighters fight? They never mention that part to us, do they?. Piadas à parte, neste caso o substantivo liberdade aplicado à libertação do jugo colonial, está correctamente empregue. No entanto, a história encerra muitas ironias nomeadamente no modo em como uma ex-colónia, ou mais concretamente, um conjunto de treze ex-colónias veio afinal a dominar e colonizar o mundo contemporâneo através dos mesmíssimos mecanismos coloniais actualizados e de outros entretanto inventados.
Cada local está marcado por um sinal no pavimento, tal como se pode ver na foto, e este encontra-se ligado ao marco histórico seguinte da duplamente incorrecta designação de American Revolution (Revolução Americana) através de uma linha vermelha . Duplamente porque não se tratou propriamente de uma revolução mas de uma guerra de independência, ou seja, a substituição de uma classe dirigente em Inglaterra por outra em tudo semelhante, mas local e erradamente designada de Americana pois que revoluções e americanas, isto é, no continente americano, houve de facto noutros locais nomeadamente no México. A única “revolução americana”, isto é, estadounidense, é afinal designada de guerra civil americana ou guerra de secessão que apesar de coincidir com uma cisão territorial foi afinal uma luta entre duas classes burguesas ligadas a dois meios de produção diferentes.
E assim se vai contando a história, sempre na versão dos vencedores!