Patrícios e patricidas
Chegado ao edifício da Secretaría de Educación Pública no centro histórico da Cidade do México, de ter sido recebido por um simpatiquíssimo segurança e depois do deslumbramento dos murais de Diego Rivera, preparo-me mentalmente para as desculpas devidas pelo atraso no re-encontro previamente marcado. Assim, depois de ter estado mais tempo do que dispunha, quase a galope dirijo-me para a saída e é pelo caminho que reparo que debaixo de uma abóbada e circulando as escadas há mais murais de estética diversa à que estava exposta na parte já visitada.
Mas que deslumbramento! Não me lembro de algum dia ter visto uma reprodução desses murais e portanto não sabia à época de quem seriam. De Rivera não! Mas seriam de algum dos outros grandes muralistas mexicanos? De Orosco? De Siqueiros? De alguém mais contemporâneo? Bem, despachei-me a fotografar o que pude, o mais rapidamente possível e apenas com a lente de 50mm. E entre cada fotografia, o deslumbramento constante e o pensar em como fotografar, restaram uns momentos demasiado breves para “absor-ver”. As melhores coisas da vida são de facto as que têm uma pitada de inesperado.
O mural é de David Alfaro Siqueiros que o pintou em 1946 e chama-se Patrícios e Patricidas. O mural que ficou por finalizar é composto por dois painéis em lados opostos interligados pelo abóbada do tecto (de um lado os patrícios e do outro os patricidas) e outros dois pintados por debaixo da escadaria monumental. O que vemos na fotografia é uma das metades do painel contínuo sobre o tecto que liga os dois vãos de escada e leva ao primeiro piso, existindo dois outros que se encontram debaixo das abóbadas dessa mesma escadaria e que têm representado uma ave (condor?) e um felídeo (puma?).
Resta dizer que para se poder apreciar todos estes murais não se paga entrada e que como Siqueiros nasceu em Chihuahua no dia 29 de Dezembro de 1896, comemora-se hoje o aniversário número 121 do nascimento deste famoso muralista Marxista-Leninista e membro do Partido Comunista Mexicano.
A iliteracia visual na sociedade industrial contemporânea
Em outubro de 2006 e seguindo um conselho de um colega italiano que era estudante de doutoramento do grupo alemão onde trabalhava, comprei o livro The New Drawing on the Right Side of the Brain de Betty Edwards. No seu capítulo 5 pode ler-se a seguinte passagem para reflectir:
The majority of adults in the western world do not progress in art skills much beyond the level of development they reached at age nine or ten. In most mental and physical activities, individuals’ skills change and develop as they grow to adulthood: Speech is one example, handwriting another. The development of drawing skills, however, seems to halt unaccountably at an early age for most people. In our culture, children, of course, draw like children, but most adults also draw like children, no matter what level they may have achieved in other areas of life. […]
I watched the man [a brilliant young professional man who was just completing a doctoral degree at a major university] as he did the drawings, watched him as he regarded the models, drew a bit, erased and drew again, for about twenty minutes. During this time, he became restless and seemed tense and frustrated. Later he told me that he hated his drawings and that he hated drawing, period.
If we were to attach a label to this disability in the way that educators have attached the label dyslexia to reading problems, we might call the problem dyspictoria or dysartistica or some such term. But no one has done so because drawing is not a vital skill for survival in our culture, whereas speech and reading are. Therefore, hardly anyone seems to notice that many adults draw childlike drawings and many children give up drawing at age nine or ten. These children grow up to become the adults who say that they never could draw and can’t even draw a straight line. The same adults, however, if questioned, often say that they would have liked to learn to draw well, just for their own satisfaction at solving the drawing problems that plagued them as children. But they feel that they had to stop drawing because they simply couldn’t learn how to draw.
A consequence of this early cutting off of artistic development is that fully competent and self-confident adults often become suddenly self-conscious, embarrassed, and anxious if they are asked to draw a picture of a human face or figure. In this situation, individuals often say such things as “No, I can’t! Whatever I draw is always terrible. It looks like a kid’s drawing.” Or, “I don’t like to draw. It makes me feel so stupid.”