Ni Dieu ni maître, mais Monet et Maîtresse, Giverny, França, 2015

Na história da arte há vários momentos de corte com o passado. Um dos momentos chave na libertação da criatividade artística aconteceu quando os próprios artistas conseguiram livrar-se da dependência de patrocínios por parte do clero e da nobreza. Nas artes visuais esta alteração repercutiu-se num corte com a inevitável representação dos seus inúmeros mitos, da recreação de inúmeros milagres, da representação dos incontáveis santos e de cristos aloirados que o artista nunca viu e que ainda hoje inundam os museus de arte antiga espalhados pelo mundo. Representou também um corte com a representação de mansões, cavalos e cães, joias, pratas e roupas cheias de rendas e folhos, em suma, da luxúria e riqueza da nobreza. Apesar de todos os problemas actuais, o corte aconteceu com a criação do que hoje se designa por mercado da arte.

Um outro momento foi com o impressionismo, quando o artista saiu do confinamento do seu estúdio e tentou captar as suaves cambiantes do ambiente que o rodeava tentando fixá-lo num preciso momento sempre fugaz e em eterna mutação. Claude Monet foi uma das figuras centrais nesta revolução visual mas que na altura era vista como obras repelentemente inacabadas e indignas mesmo para um trabalho de amador. No caso deste artista, o imortal na religião foi transformado pelo eterno da natureza com inúmeras representações de lírios, nenúfares, chorões, rios, lagos, barcos, diferentes reflexos na água, movimento de multidões nas ruas…

Fundação Monet

Giverny é uma comuna francesa que fica a cerca de 75 km de Paris onde está sediado o Musée des Impressionnismes e a antiga casa de Monet. A casa tem ainda o seu agradável jardim cheio de flores muito bem cuidado bem como o lago onde Monet pintou inúmeras vezes e que serviu de inspiração para os seus quadros. A Casa ainda contém vários quadros de Monet bem como gravuras de autores japonesas (tudo reproduções) nomeadamente A Grande Onda de Kanagawa de Katsushika Hokusai. O lago ainda tem a ponte japonesa que aparece em várias das suas criações. Não sei se a tempo de Monet o lago e o jardim estariam unidos, mas entre ambos actualmente passa uma rua pelo que a passagem para a zona onde está o lago é feita através de uma passagem inferior desnivelada. São dois magníficos locais para relaxar em ambientes bastante distintos…

De ambos os lados é comum encontrarem-se pintores a mimetizarem Monet, bem como fotógrafos para obterem fotos para stock photography.

A foto foi tirada no bordo do lago a uma pequena aprendiz de Monet e que se encontrava em visita de estudo com a sua professora.

 

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