Um investigador ao piano, Gotemburgo, Suécia, 2013

E agora, que fazer?

Esta é uma das grandes questões que nos ataca muitas vezes durante a vida. Pergunta que umas vezes  envolve grande ponderação ou, noutros casos mais frequentes, apenas envolve por exemplo avaliar do grau de cansaço. E assim foi, apenas uma dessas decisões correntemente mundanas após o jantar de uma conferência na Suécia. E agora que fazer e agora onde ir? E como por vezes acontece, o fluir natural da vida decide resolver as ansiedades sem problemas de maior e, em oposição a muitos outros momentos em que a acção é imprescindível, à saída da sala onde decorreu o jantar da conferência na universidade de Gotemburgo estava calmamente à nossa espera um piano. E não é que um dos colegas se sentou e começou a tocar e a cantar umas músicas todas catitas. Na terra dos ABBA, a maravilha estava também no inesperado da situação.

Tive a grande sorte de contactar com amigos que foram ficando ou com colegas que se foram, numa quantidade apreciável de pessoas que para além do seu trabalho diário tinham um conjunto alargado de outros interesses, normalmente designados por hobbies. Da filatelia ao teatro passando pelos vários desportos, há uma imensidão de outros interesses que entusiasma as pessoas. Sendo muito mais do que passatempos, esta é uma péssima substituição portuguesa ao hobby pois que sugere na sua raiz uma actividade para gastar tempo ou, no fundo, gastá-lo de forma inútil.

Como ex-membro de uma associação de estudantes tive a possibilidade, a oportunidade singular e o grande privilégio de encontrar um conjunto de colegas com os mais diversos interesses (a própria participação em qualquer tipo de associação cívica é já só por si próprio um indicador de empenho por parte dos seus membros). Desde o que sabia o horário dos comboios e os vários tipos de locomotivas de Lisboa a Moscovo e mais além, aos outros que dedicavam tempo a editar uma revista científica havia muitos mais. Muitas vezes designados por cromos pelos que normalmente veem tudo em termos de rendimento monetário em vez de satisfação pessoal e apenas porque desse modo os interesses ou comportamentos são julgados de excêntricos. E o passatempo, que segundo a definição é uma “actividade que se faz apenas por diversão ou entretenimento”, torna-se por vezes muito mais satisfatório de tal modo que se transforma naturalmente na actividade principal e ganha-pão.

 

Leave a Reply