O rio Loire, o rio mais comprido de França, escorre lentamente pela região designada por Centro-Vale do Loire. O seu vale é património da Humanidade sendo o único local francês capaz de rivalizar com Paris quanto à captação de turistas. Este vale situa-se nos departamentos de Loiret, Loire-et-Cher, Indre-et-Loire (também denominado por Touraine) Maine-et-Loire (antigamente denominada por Anjou). Todos estes departamentos têm no nome o rio Loire, de um seu afluente ou de uma combinação de ambos.
O guia Michelin classifica os inúmeros castelos da região em três classes, do altamente recomendado ao interessante, passando pelo recomendado. Para se ter uma ideia, há 9 castelos altamente recomendados (de oeste para este são os de Angers, Serrant, Azay-Le-Rideau, Villandry, Chenonceau, Cheverny, Blois, Valençay e Chambord) e 21 recomendados. Partindo de oeste, esta região começa um pouco depois de Nantes e acaba um pouco depois de Orléans num percurso com cerca de 300 km. É como se na distância que liga Lisboa ao Porto houvesse 30 castelos da Pena a visitar. Bem, castelos como o de Sintra não propriamente, porque é possível encontrar castelos construidos ao longo das diferentes épocas históricas, desde as fortalezas brutas, austeras, medievais, construidas sobre sítios fortificados desde a época Merovingia até aos mais modernos já renascentistas e de linhas mais leves. A maior parte dos castelos são pertença do estado francês, mas alguns como o de Villandry são privados.
Para se perceber melhor a importância da região, basta dizer que esta tem 25 vinhos AOC principais (appellation d’origine contrôlée), o equivalente ao nosso DOC, denominação de origem controlada. Segundo o Ministério da Agricultura, a ideia dos AOC começou a desenvolver-se desde 1905. Com todo este avanço histórico, percebe-se bem quem efectua de facto o controlo destas coisas na UE, não é? Se na zona DOC Dão tivéssemos AOC tão delimitas como as desta zona ou da de Bordéus, por exemplo, teríamos o DOC de Santar, o DOC da encosta oesta de Santar, o DOC de Santar-Nelas, o DOC de… Em 2102 só o DOC do vinho e bebidas espirituosas rendeu à França 16 mil milhões de euros!
A foto foi tirada da Fortaleza Real de Chinon mirando o rio Vienne, um dos afluentes do Loire. A fortaleza encontra-se sobranceira à cidade e está parcialmente em ruínas. A torre que foi construida no fim do séc XII, tem o nome de torre do moinho (tour du moulin) por ter sido construido, em tempos mais recentes, um moinho sobre o seu topo.
No entanto, mais do que o castelo propriamente dito, é a parte velha da cidade (Le Vieux Chinon, anteriormente uma cidade fortificada) que merece uma demorada visita. Esta parte ainda mantém uma quantidade impressionante de casas antigas com emadeiramento visível ladeando ruas estreitas e sinuosas. Se há um sítio onde nos sentimos autenticamente transportados para épocas medievas, este é um deles.